Sono e a consciência cósmica – a necessidade do sono

Pergunta: Você sempre dorme à noite como fazia antes de alcançar a consciência cósmica?

Sri Chinmoy: Sim. Consciência cósmica e sono são duas coisas diferentes. Uma vez que a pessoa tenha alcançado a consciência cósmica, ela não a perde, mesmo que durma. Ela se torna parte e parcela da sua própria existência. Suponha que você tenha um objeto nas mãos. Mesmo enquanto estiver dormindo, ainda pode segurar esse objeto. Similarmente, quando se torna um com a consciência cósmica, com a própria Divindade, isso fica dentro de você. Mas ao alcançar a consciência cósmica ou ao realizar Deus, a pessoa não tem que dormir sete ou oito horas por noite. Uma ou duas horas são mais que suficientes para a alma realizada. E o indivíduo faz esse descanso por sentir pena do corpo, que entra todos os dias no campo de batalha da vida. Se tiver alunos ou discípulos, ele tem que entrar nos problemas deles, consciente e devotadamente. Logo, a sua consciência-corpo precisa e merece de algum descanso. Se não dormir, isso não vai afetar a sua saúde; mas ele poderá lamentar pelo corpo físico. Então dará um certo descanso a este corpo. Muitas pessoas dormem por hábito ou letargia. Algumas dormem oito horas, dez, onze, doze horas. Nós temos que saber de quanto sono o corpo realmente necessita e não o quanto ele requisita. Eu quero dizer que mais de sete horas de sono não é necessário para nenhum indivíduo. No início, se a pessoa estiver fraca, se tiver alguma doença física, naturalmente terá que dormir mais. Mas se a sua saúde estiver boa, sete horas são mais do que suficientes para o começo de qualquer buscador. Se um buscador sincero dormir mais do que sete horas, isso significa que está fazendo amizade com a ignorância.

No meu caso, eu tiro poucas horas de descanso por noite – algumas vezes duas, outras vezes três horas. Mas certas vezes, por várias noites seguidas, eu não durmo – não por causa dos meus problemas pessoais, mas por causa dos problemas dos meus discípulos. Eu tenho que resolver os seus problemas antes do dia amanhecer. É claro que também são problemas meus, já que eu aceitei os alunos espirituais como meus .


Veja também meditação para dormir.

A morte e o ciclo de renascimento

Pergunta: Você acredita no ciclo de renascimento?

Sri Chinmoy: Sim, eu acredito em renascimento, na reencarnação. No mundo da aspiração nós sabemos que num pequeno período de vida, não podemos realizar o Mais Elevado, o Absoluto. Mas também sabemos que Deus não permitirá que permaneçamos insatisfeitos. Ele nos dar;a muitas oportunidades para satisfazermos a nós mesmos. Qualquer coisa que ganhemos em uma encarnação, qualquer progresso que façamos em direção à nossa Meta, permanecerá na nossa alma após deixarmos o corpo. Então, após um pequeno descanso, nossa alma voltará com um novo corpo, um novo vital, uma nova mente, para continuar a nossa jornada e de novo tentar realizar e manifestar a divindade na terra. É como uma vela que vai de uma sala da casa para outra.
A reencarnação é um fato inegável, mesmo numa só vida. Em uma vida, vemos como podemos viver a vida de desejo e renascer para a vida de aspiração. Depois vem a vida de realização, de revelação e por fim, a vida de manifestação. Então, mesmo em um só corpo, podemos viver muitas vidas até alcançarmos a Meta mais elevada.

Meu Supremo, meu Supremo, meu Supremo!
A vida tem medo de ver
A face da morte.
A morte tem medo de ver
A imortalidade da alma.
Meu Supremo, meu Supremo, meu Supremo!

Yogod sonha com a história de Rama

por Akrura Bogéa

Yogod viu um guerreiro vencedor, num campo de batalha, admirou a força, a determinação, a coragem e o carisma daquele guerreiro que nada temia. O nome do guerreiro era Bharata, um dos irmãos do arqueiro Rama, o melhor arqueiro que já pisou sobre a terra, atingia com suas flechas certeiras, qualquer alvo, não era atoa que o chamavam de arqueiro de Deus. Rama era muito amoroso, compassivo, benevolente, iluminado, já que ele era uma encarnação do Deus Vishnu (O Deus da manutenção), que desceu a terra para destruir um demonio chamado Ravana, que tinha seu reinado na ilha de Lanka, conhecida hoje em dia pelo nome de Sri Lanka..

Rama sería o sucessor natural do seu pai, o Rei de Ayodya, Não fosse as intrigas maquinadas por sua madastra, mãe do guerreiro Bharata. Rama se refugia na floresta com sua esposa Sita e com o seu irmão Lakshamana, no momento da partida os súditos e os nobres choram de tristeza, pois sabiam que Rama seria um Rei justo e sábio para Ayodya. Bharata, foi chamado as pressas para sentar-se no trono que pertence-ra a seu pai, que estava em idade avançada e sem condições, de carregar sobre os ombros o fardo da governabilidade de e conter as intrigas da sua côrte.

Bharata retorna do campo de batalha e nada entende, do que estava acontecendo, queriam que ele fosse o Rei de Ayodya e tudo o que ele queria, era lutar nos campos de batalhas em torno de Ayodya. Rompe com a sua mãe, que ambicionava ver seu filho no trono, provocando assim, todo mal estar que se formara. Bharata vai atras de Rama, encontra-o na floresta e suplica que o querido irmão volte e assuma o seu posto, que seria o trono de Ayodya. Rama estava tranquilo quanto à decisão de viver na floresta, diz a Bharata que está tudo bem, solicita que este retorne para assumir o trono. Bharata ajoelha-se aos pés de Rama, diz que é um guerreiro, que não saberia como governar, que não se sente capaz, que vai ser muito infeliz, já que ele é um guerreiro e que seu trono está nos campos de batalha…

-Entendi. interrompe Rama e pondera que terá que viver na floresta por 13 anos, que esse foi o pedido de seu pai, que ele irá honrrar o seu pai obedecendo-o. Tira suas próprias sandálias e coloca diante de Bharata. -Governe para mim, propõe Rama, governe por treze anos, faça o melhor governo que você puder…daqui a 13 anos retornarei e assumirei o governo. Bharata olha incrédulo dentro dos olhos do seu irmão, se enche de confiança e retorna para assumir o papel que lhe fora destinado pelas circunstâncias. Dizem que Bharata, governou por treze anos de maneira perfeita e irrepreensível. dizem também que ele colocou as sandálias do irmão Rama aos pés do trono e que jamais sentara lá.

Rama, Sita e Lakshamana chegam na floresta, constroem uma casa de madeira confortável, fazem amizade rapidamente com os pássaros e outros animais da vizinhança. Estavam muito bem, felizes, até que desafortunadamente…Ravana considerado o Rei dos demônios, estabelecido no sul da India, na ilha de Lanka. Resolve dar um passeio na sua carroagem voadora, justo na floresta onde nossos heróis viviam. Ao avistar Sita, a esposa de Rama, Ravana se apaixona, era um demônio dotado de bom gosto, já que Sita era a mais bela jovem que a India já conhecera. Esse demônio poderoso e por todos temido, resolve sequestrar Sita, com a intenção de levá-la para o seu harém em Lanka. Para termos uma idéia, Ravana o demonio em questão possuía dez cabeças, vinte braços e só de olhar para ele, muitos morriam de medo, ele era tenebroso e muito, muito feio. Não havia inimigo que não tombasse vencido aos seus pés, Ravana não temia a ninguém desse mundo ou do além.

A nossa bela princesa, cai nas inúmeras garras da fera apaixonada, ela grita por socorro em vão, se esforça por resistir, todos os pássaros e animais ouviram os gritos de pavor de Sita, nada podiam fazer. Para que seu esposo Rama, tivesse noção do trajeto do demônio, sita vai jogando suas pulseiras, anéis, tornezeleiras, contas de colares pelo chão, enquanto isso o carro de Ravana voava veloz sobre a floresta.

Uma águia muito amiga do casal, que se chamava Jatayu, segue a carruagem e tenta bicar o demonio em vão, Já que a carruagem do demonio era muito veloz e muito bem protegida. A águia corajosa, perde uma das asas cortada, pela espada afiada, venenosa de Ravana, que dá um grito no ar mostrando satisfação, enquanto a águia Jayatu cai sofrega no chão. Os que atacam Ravana, morrem logo sem perdão, foi o que a águia disse, agonizando no chão, quando Rama a encontrou caída, Rama é todo gratidão, encaminha a alma da ave, através de suas orações, a águia logo tem a percepção de que aquele que ali orava, era do Deus Vishnu encarnação, que desceu aqui na terra, para vencer os demônios, que perseguem inocentes, que tentam e atentam as almas em ascenção. O pássaro ferido, não consegue resistir, morre sereno e tranquilo, começa a subir aos céus, atravessando um véu, que a leva ao nirvana, certa de que morreu a serviço do Deus Rama, deu-lhe pistas de Sita, apontando a direção que a carruagem tomou, com Sita e o seu sequestrador. Jayatu voa veloz, no seu último voo, pousa aos pés do Deus Vishnu e se dissolve na luz.

Rama e seu querido irmão Lakshamana, vão em socorro de Sita, atravessam montanhas, vão abrindo caminho e atrás dos dois guerreiros, um exército de macacos, que sabiam muito bem, que Ravana não se entrega e não tem medo de ninguém. O entusiasmo dos macacos, contagiavam os ursos, elefantes, cobras, lagartos e tantos outros animais que não dá para enumerá-los. Quando Rama e seus amigos, chegam no extremo sul, eis que surge diante deles, uma barreira intransponivel, o imenso mar, que bloqueia o caminho, que ainda que sem querer, proteje o reinado, do demonio Ravana. Coragem Rama tem de sobra, não tem carruagem voadora, não tem barco, não tem balsa, para resgatar Sita, Rama e seu exército tem que vencer o mar, para chegar ao inimigo, que sequestrara Sita.

Enquanto isso Ravana, intenciona conseguir conquistar o amor de Sita, tenta ser paciente, tenta se acalmar, já que sua sequestrada, desde que chegou, não mais parou de chorar. Rama por sua vez, faz orações junto ao mar, para que o Deus do oceano, venha lhe ajudar. O rei do mar repousava, e quando isso acontecia, ninguém podia incomodar. As preces de Rama eram fortes, todos sabem que quando ele ora, todos podem escutar. O rei do mar se incomoda, com aquele pedido de ajudo, já que naquele momento, tudo o que ele queria era somente descansar, pede então para as suas ninfas tocarem uma canção melodiosa, que lhe pudessem ninar. Nosso principe ouve a melodia vinda do fundo do mar, mas isso não interrompe nem impede, nosso príncipe de orar.

Quando Rama percebe, que o Deus do mar não quer, as suas preces atender, saca do seu arco e flecha certeira é atirada no mar, atinge o ombro do deus do mar, que só então percebeu, que aquele que o feriu, era um Deus poderoso, sobe rápido e clama ; – Não atire grande Rama, desde já peço perdão, por eu ter ignorado, suas sinceras orações. Sou um Deus menor dos mares e agora vejo claro, que toda a criação está sob seus cuidados. Seu coração está triste, sei que Sita está em Lanka, tudo isso eu bem sei, diga o que posso fazer? devo secar o oceano? Quantos seres morrerão? Isso nem pensar, diz o rei do mar. Nossos peixes brincalhões, marinheiros, pescadores, baleias, golfinhos, sereias, não. Não posso secar o mar.

-Tem razão disse Rama, sua raiva de Ravana arrefeceu com os argumentos do Deus do mar. Deve haver outra maneira, nós temos que atravessar, minha Sita está sofrendo, não gosto nem de pensar. Enquanto assim falava, massageava o ombro do Deus do mar, que prontamente cicatrizava, ao ser completamente curado. Eis que o Deus do mar teve uma grande idéia, a de construir uma ponte dali até a ilha de Lanka, destino que Rama almejava… -Joguem pedras, galhos e tudo que puderem no mar, com os meus poderes ocultos, farei tudo flutuar.

Lakshamana então protesta, isso não dará certo, vai ser muito demorado, não podemos esperar. Rama rápido retruca, caso você não tenha, uma idéia melhor, eu concordo com você, não podemos esperar, então não esperaremos, joguemos tudo no mar, disse rama animado. Já que tudo que joguemos, está fadado a boiar, faremos uma grande ponte, vamos atravessar o mar e quando chegarmos a Lanka, lutaremos bravamente para Sita Libertar.

Os ursos, gorilas, macacos e outros tantos animais, jogavam pedras, pedaços de madeiras, todos trabalharam na ponte, do pequeno beija-flor ao gigante elefante, até mesmo um pequeno esquilo marron, lambuzava-se na terra e mergulhava no mar, para levar a terra entranhada nos seus pelos espessos. Rama vendo essa cena, encheu-se de compaixão, acolheu o esquilo na palma da sua mão.

-Meu amor e gratidão meu amigo, todos aqui serão lembrados quando a ponte estiver pronta. Acariciou o esquilo, o rastro do carinho dos dedos de Rama, ficaram impressos no dorso do pequeno esquilo, considerando sua ajuda indispensãvel, a partir desse dia, todos os esquilos do mundo, carregam as listas da mão de Rama inpressas nas costas.

Ravana por sua vez, quase morreu de rir, quando seus espiões, mencionaram o projeto de Rama, que era construir uma ponte unindo a India a Lanka. Esse Rama enlouqueceu, resmungava o demônio… -Rama morre de velhice, antes de chegar a Lanka. De onde vem tanta ousadia? Perguntava-se Ravana. No dia seguinte cedo pela manhã, a ponte feita pelo exército de Rama, tocava o porto de Lanka.

O demonio perturbado, com a ponte concluida, preferiu enfrentar Rama numa batalha sangrenta, a devolver sua prisioneira, Sita. Macacos, Elefantes, Ursos, cobras, lgartos, pássaros e Lakshamana contra o exército do mal. Ramana contra Ravana, o resultado já sabemos, Ravana e seus demonios, foram todos destruídos. Rama liberta Sita e faz da ilha de Lanka um oásis, um paraíso de felicidades. Passados treze anos, Sita e Rama se despedem, pegam a carruagem voadora, que antes pertencia a Ravana e retornam para Ayodya, onde Rama é coroado pelo seu Rei interino, seu irmão Bharata, que cuidara do Reinado, com justiça, diligência e esmero, para entregá-lo ao irmão. Nasce a idade de ouro, do reinado Sita e Rama, que todo poeta cantou, canta e cantará. Já que nesse reinado, quem sentou no trono, foi o rei do amor.

Yogod, fica enebriado com a história da India que acabara de sonhar. Admira o guerreiro Bharata, tendo que sair do campo de batalha, para assumir a função de Rei que ele nem sequer gostava. Quão beenevolente é o Deus Vishnu, que desceu à terra, para vencer Ravana num campo de batalha, ao invés de ficar lá no céu, acompanhando os acontecimentos terrenos. A entrega de Lakshamana para servir seu irmão…Yogod suspira emocionado e o seu despertador toca e Yogod acorda entre feliz e atordoado.

Fim.

O Tesouro de Yogod

volcano

por Akrura Bogéa

Yogod vivia em paz e muito tranquilo, num dos vales mais bonitos da região, com o seu belo rebanho de ovelhas. Ele era um homem solitário, ordenhava, tosquiava, tecia sua lã, fazia queijo e vendia seus produtos para a amistosa vizinhança. Yogod era um privilegiado, vivia num belo recanto da região, cercado de velhas oliveiras, cuidava do seu belo jardim nas horas livres, essa atividade de cuidar de suas flores, lhe era muito relaxante, algumas árvores frutíferas e água em abundância. Todos que o visitavam, se encantavam com a beleza do lugar e o elogiavam. Um pequeno Paraíso, cercado de montanhas, com diferentes pássaros cantando ao longo do dia. A noite era uma beleza, via-se claramente todas as constelações e nebulosas. Porém…eis que um dia, a paz do pastor foi perturbada por um estranho sonho. Yogod sonha que vende suas ovelhas e vai em busca do seu tesouro. Carrega um mapa na mão, avista uma grande ponte, que faz fronteira com o seu país, numa das pilastras dessa ponte, tem um xis de acordo com o seu mapa, indicando para Yogod, que ali está o seu tesouro. Ele começa a cavar no lugar indicado e finalmente se depara com um baú, todo cravejado com pedras semipreciosas, quando Yogod desenterra o baú completamente, vai abri-lo e ele desperta. Tenta dormir novamente, tentando dar continuidade ao sonho. Nada, tentativa frustrada, não consegue. O sonho que tivera, permanece nítido, a paisagem, o mapa, a ponte, tudo passa com muita precisão na sua cabeça. Ele se levanta e desenha o mapa, exatamente como seu sonho lhe indicou.

A partir desse sonho, o pastor Yogod, já não era mais o mesmo, algo dentro dele se quebrara. Fazia seu labor, pensativo e sem grandes prazeres. Não, definitivamente mudara, já não era mais o mesmo. Tentava em vão interpretar o que aquele sonho estava querendo lhe dizer…sabia que ele era importante, mas não sabia por quê. Yogod disse para si mesmo, que aquilo era apenas mais um sonho como outro qualquer. Tentando desta forma reencontrar a paz perdida, pelas perturbações e turbulências que o sonho do tesouro perdido lhe trouxera. Com o tempo e aos poucos, Yogod foi se entregando à rotina do seu dia a dia, quando estava quase praticamente recuperado, o mesmo sonho se repete, com pequenas modificações, desta vez mais nítido e vívido, do que da vez anterior.

O mapa é o mesmo, a ponte, a indicação do tesouro, o mesmo baú cravejado de pedras semipreciosas, quando ele está desenterrando o baú, tem a nítida percepção, que há alguém sobre a ponte lhe observando. Yogod não consegue ver quem o observa, mas sabe que alguém o faz, ele ignora o seu observador, quando vai abrir o baú acorda novamente, como acontecera na noite do sonho anterior. Yogod fica muito irritado por ter acordado, impaciente e indócil, tenta dormir novamente para dar continuidade ao sonho, quer muito visualizar o conteúdo do baú…nada. Não consegue, rola na sua pequena cama para lá e para cá e isso só o deixa mais irritado e impaciente.

Yogod pega o mapa que desenhara, tendo como base o seu primeiro sonho. Confere mentalmente o mapa do segundo sonho e percebe que os trajetos que fizera, eram exatamente iguais, para chegar à ponte sob a qual estaria o seu tesouro. Desta vez o pastor fica bastante abatido, já que da outra vez, com muito esforço ele conseguiu convencer-se de que aquilo era apenas mais um sonho, como outro qualquer…mas, e agora? O mesmo sonho repetido, pela segunda vez, por mais que ele tentasse não conseguia se convencer que era apenas mais um sonho, ficou deveras abalado. Repetia para si:

-É impossível que esse sonho, não esteja querendo me dizer algo muito importante. Mas o quê? O quê?

Yogod não consegue esquecer os sonhos, estes passam a ser a sua realidade, já que tudo o que ele faz, o sonho, a estranheza que ele causa estão ali presentes e lhe perturbando. Yogod já não tem mais alegria, já não cuida do seu jardim como antes, já não tem disposição de ir para a cidade vender a sua mirrada produção. A sua casa que antes era muito bem cuidada, agora cada vez mais ia ganhando aparência de uma simples cabana. Roupas sujas, louças por lavar, baratas, cupins…Yogod já não conseguia apreciar a paisagem, contemplar a lua e as estrelas. Foi se tornando uma pessoa amarga, nada tinha graça na vida de Yogod, até mesmo o seu rebanho de ovelhas era afetado por seu humor e má vontade.

– Basta! diz Yogod determinado. Isso não pode continuar, tenho que retomar minha vida. O que é isso? Chega de bobagem por causa de sonhos….

Depois de muito tempo e muito esforço, Yogod foi retornando a sua rotina, cuidando melhor do seu rebanho, da sua casa, do seu jardim, foi ficando mais contemplativo, mais presente. Yogod se sentiu como se estivesse se recuperando de uma enfermidade.

-Pronto, agora estou praticamente curado, dizia Yogod, olhando a sua volta. Sem mais nem menos, veio sem aviso o mesmo sonho pela terceira vez…

O terceiro sonho foi exatamente igual aos dois sonhos anteriores, com acréscimos no final. Yogod sonha que vende suas ovelhas, e parte com o velho mapa do seu tesouro nas mãos, encontra a ponte e a pilastra sinalizada com um xis no mapa, cava, encontra o baú cravejado, abre correndo com medo de acordar… E lá está o seu tesouro, seu rosto se ilumina pela luz dos diamantes, outras pedras preciosas e pela luz da sua alegria. Yogod abre o seu melhor sorriso, Puro êxtase… Sem pressa, Yogod fecha o baú que guarda o seu tesouro e acorda…acordou bem diferente desta feita. Animado, Yogod não tem dúvida de que aquele sonho é muito importante para ele. Ao levantar-se naquela manhã, não perde mais tempo. Vende o seu rebanho, alguns pertences, para empreender a sua viagem em busca do seu tesouro, que o espera sob a ponte. Fecha a sua casa e põe o pé na estrada, seguindo o mapa que desenhara. Depois de caminhar por sete dias, Yogod se depara com a ponte, que até então ele não sabia da existência, lá está a velha ponte lhe esperando…é a mesma ponte que lhe aparecera nos seus três sonhos. Yogod identifica a pilastra onde supostamente o seu tesouro está enterrado. Yogod lembrou-se do segundo sonho, que tinha alguém que o observava, agora ficou tudo claro para ele. Tudo fazia sentido, a ponte que faz divisa com o seu país, tem um guarda que caminha para lá e para cá, um vigia de fronteira, que observa aquele andarilho desconfiado. Yogod acampa de olho nos guardas que se revezam.

-Como cavar ao pé da pilastra sem chamar a atenção da guarda? – Parece impossível. Pondera Yogod

Depois de três dias acampado, sem encontrar uma brecha de descuido dos guardas da ponte, para que Yogod cavasse e pusesse as mãos no seu tesouro, ele resolve fazer amizade com um dos guardas, que era mais amistoso. Depois de muita conversa, de muitos chás, Yogod resolve se abrir e compartilhar os seus três sonhos com o guarda que se tornara seu amigo. Quando Yogod acabou de contar o seu sonho que se repetia, motivo pelo qual ele vendera o seu rebanho, e ali estava pronto para botar a mão no seu tesouro. O guarda simplesmente não consegue se controlar, explode em altas gargalhadas. Depois de ficar bem vermelho e chorar de tanto rir diz:

-Desculpe, ainda rindo…eu não devia estar rindo do seu sonho, é que não consegui me controlar….Desculpe.

-Do que você ri? Pergunta Yogod. – Não contei nenhuma piada, apenas lhe contei meus sonhos….

-Desculpe, mais uma vez, tenta o guarda ainda rindo muito. -É que não posso acreditar que você seja tão louco, de abandonar uma vida boa e estável como a que você diz que tinha, para correr atrás de um sonho. O guarda parou de rir, olhou sério para Yogod e diz:

-Vou lhe contar uma coisa tão engraçada quanto a que você acabou de compartilhar comigo:

-Eu tive uma trilogia de sonhos, muito parecidos com os que você acaba de me contar… Há pouco tempo. Muda só a paisagem, no mais é exatamente igual. Parece irônico ou que o destino quer nos pregar uma peça. No meu primeiro sonho, eu dou baixa no quartel e viajo com um velho mapa, por sete dias e encontro o meu tesouro num vale muito bonito, cercado de oliveiras, um jardim muito bem cuidado…as noites são belas, claras, iluminadas pelas estrelas, vejo no meu sonho uma casa azul claro, com portas brancas, uma varanda de onde se pode ouvir o canto da passarada e o murmurar de um riacho. Vejo duas enormes Jaqueiras carregadas de frutas e muitas ovelhas…O engraçado é que o meu sonho indica que o meu tesouro, está aos pés de um velho fogão a lenha, que tem uma cabeceira mais alta. Por dentro do fogão passa uma serpentina que é usada para aquecer a água. Bem, o meu mapa indica que o que eu procuro está enterrado aos pés do fogão, considerando-se que a parte mais alta é a cabeceira. Quando encontro o meu tesouro no primeiro sonho, que consiste numa arca como a que você descreveu no seu sonho, exatamente igual… Quando vou abri-la, acordo. Não posso ver o que há dentro da arca. No segundo sonho repetido….

-Pare! Interrompe Yogod. – Você descreveu a minha casa, a minha paisagem, como você pode saber se eu nunca lhe falei? Pergunta Yogod assustado

-Amigo, isso é apenas um sonho, se coincide com a sua paisagem, talvez seja só uma coincidência…Desenhei o mapa já que no dia seguinte eu me lembrava nitidamente do sonho com cada detalhe…Aí pensei, isso é só um sonho…continuava falando o guarda.

Yogod, já não podia ouvir mais nada do que o guarda dizia…Como é que esse guarda sabe descrever em detalhes, a paisagem que cerca a sua casa? A sua casa… As cores, as portas, as mangueiras carregadas de frutas, as ovelhas, seu fogão com serpentina para aquecer a àgua… Ele jamais comentara nada com o vigia a esse respeito.O pastor deixou o guarda falando sozinho e partiu correndo…

-Ei! Venha cá esse foi só o primeiro sonho, ainda faltam dois para completar a trilogia…Disse o guarda, rindo e sem entender a fuga inesperada de Yogod.

O pastor sabia muito bem, o que o guarda tinha para lhe contar, não podia mais perder tempo, juntou seus pertences às pressas e retornou correndo o mais rápido que podia para a sua casa. Quando chegou muito cansado, na sua casa, cavou no lugar indicado pelo sonho do guarda da fronteira, e ali estava o seu tesouro, exatamente como ele viu no seu terceiro sonho. Uma arca cravejada com esmeraldas, rubis, topázios e outras tantas, o pastor abre a pequena arca e não acredita que acabara de encontrar o seu tesouro. que viajara tão longe, enquanto o seu tesouro o aguardava por todo esse tempo ali mesmo. Yogod se belisca algumas vezes, para certificar-se de que aquilo que está acontecendo é real, e não mais uma peça que seus sonhos estão lhe pregando. Yogod começou a gritar repetidas vezes, feito um verdadeiro louco:

-Estou rico! – jogando seu tesouro para cima…

-Floresça onde você está plantado!

 

 

 

 

 

 

 

Perseverança, paciência e autodoação são de suprema importância.

true-progress

por Carlos Machado

Um casal de perdizes estava para sair de viagem. Antes de partirem, a ave fêmea deixou alguns ovos perto do oceano. Então o marido disse para o mar, “Nós estamos indo viajar. Você tem que tomar conta dos ovos para nós. Se não encontrarmos os ovos quando voltarmos, iremos esvaziá-lo.” O mar concordou em tomar conta dos ovos. Alguns dias depois, as perdizes voltaram, mas não conseguiram encontrar os ovos. Eles começaram a gritar com o mar. O mar queria devolver os ovos, mas não conseguia encontrá-los. Os pássaros ficaram bravos e começaram a esvaziar o mar, carregando gota por gota para terra. “Nós vamos esvaziá-lo,” eles disseram para o mar. Alguns pássaros observaram o que estava acontecendo e decidiram ajudá-los nessa nobre causa. E isso continuou por dias e semanas. Certo dia, o cocheiro do Deus, Garuda, veio à Terra e perguntou, “O que vocês estão fazendo?” Os pássaros responderam, “Não está vendo? Estamos esvaziando o mar.” “Seus tolos, sabem quanto tempo levará para isso? Vocês nunca serão capazes de fazer isso. O mar é muito vasto e infinito,” disse Garuda. Mas os pássaros responderam, “Nós temos determinação e perseverança.” Surpreso com a reação dos pássaros, Garuda decidiu contar a história para Deus e ver se Ele poderia ajudá-los a encontrar os ovos. “Deus, eu nunca vi pássaros tão tolos antes. Você poderia ajudá-los?,” perguntou Garuda. Deus respondeu: “Eles não são tolos. Eles estão mostrando o espírito de paciência e perseverança. Dessa maneira os humanos devem esvaziar seu mar-ignorância, gota por gota. O mar ignorância é muito vasto. Mas, se o buscador é sincero e quer substitui-lo pela luz-sabedoria, deve fazer da mesma forma, gota por gota. Por isso, Eu estou muito satisfeito com a atitude dos pássaros e logo irei fazer com que encontrem os ovos.” Deus usou seus poderes ocultos, e imediatamente as perdizes encontraram seus ovos. Deus então disse aos pássaros: “Perseverança, paciência e autodoação são de extrema importância para realizar a missão divina.” Texto de Sri Chinmoy

  Quando perguntamos a alguém qual a qualidade espiritual que gostaria de ter na sua vida, muitos vão dizer paz, alegria, felicidade, coragem. Normalmente paciência não vai ser uma delas. Paciência é como a “ovelha-negra” entre as qualidades espirituais, mas, se nós soubéssemos o seu real valor, iríamos colocá-la no topo da nossa lista. Um corredor iniciante comumente comete o erro de começar muito rápido em uma corrida. Então ele percebe que não consegue manter o ritmo por toda prova, começa a desacelerar e por vezes acaba desistindo. Todos que já iniciaram algum esporte devem ter passado por momentos semelhantes. Na excitação por estar na competição, sentimos excesso de confiança, nos consideramos invencíveis, mas sem ter trabalhado o suficiente para tanto. Raramente conseguimos o sucesso em alguma área rapidamente e com pouco esforço. Felizmente ou infelizmente, para alcançar nossos objetivos devemos ter bastante determinação e paciência. Quando vamos competir numa maratona, por exemplo, existem milhares de fatores que podem nos afetar no dia da prova. Mesmo sendo um corredor experiente, você pode acordar em um dia ruim, estar passando mal, não dormir bem. Ou fatos externos, como a temperatura, o clima, organização da prova, etc podem intervir. Depois de meses de treino você aprende que qualquer coisa pode acontecer, mas o que mais importa é como você encara esses desafios. Para muitos corredores, correr uma maratona é uma meta a ser conquistada, mas esse desafio pode se manifestar de diferentes formas. Um ator que deseja ganhar o Oscar, um funcionário que quer abrir seu próprio negócio, um buscador espiritual que deseja se tornar um iogue. Não importam quais forem suas ambições, se você quer um dia realiza-las, precisa adquirir paciência. Nós buscamos atingir nossos objetivos instantaneamente. Como se fosse aparecer um gênio da lâmpada e realizar todos nossos desejos da noite para o dia. Mas as coisas não funcionam assim. Quando perguntamos para alguém que possui sucesso na vida, é comum escutar que a determinação e paciência foram os responsáveis pelo resultado. Eu sei que não é fácil. Quando temos desejo intenso para realizar algo, e as coisas não fluem da maneira que esperamos, rapidamente ficamos frustrados e desistimos dos nossos projetos. Reclamamos da economia, dos políticos, dos amigos. Mas, se conseguirmos olhar as coisas de forma mais ampla, vamos perceber que pequenas ações no passado nos tornaram quem somos hoje. O tempo sempre fica do nosso lado se trabalharmos duro.

“O sucesso às vezes pode vir imediatamente. Mas devemos estar preparados para esperar pacientemente até mesmo para o que pode parecer o tempo infinito. O aluno que estabelece um espírito de perseverança irá certamente encontrar o sucesso e a realização.” – Swami Vivekananda

Ter paciência não significa que devemos ficar sentados no banco da praça jogando baralho o dia inteiro enquanto esperamos que as coisas aconteçam a nosso favor. Significa aceitar a vida e as nossas limitações, tendo consciência que, se agirmos da forma correta, o resultado virá.

Sonhos de Deus

Nada somos

Senão o próprio Sonho de Deus

Que se revela

Para a transformação da vida-ignorância da terra

Na luz-perfeição do Céu.

– Sri Chinmoy

  sonhosEsta é uma página da coleção de posts sobre sonhos espirituais extraídos dos escritos de Sri Chinmoy, do livro Sonhos. As outras páginas são:

 


 

Qual é a diferença entre sonhos humanos e o Sonho de Deus?  

Há uma grande diferença entre os sonhos humanos e o Sonho divino de Deus. Os sonhos humanos são apenas fantasias mentais. Na maior parte do tempo, são apenas pensamentos fortes, ideias ou invenções. Por vezes nos tornamos vítimas de forças hostis que nos fazem sonhar todo tipo de coisas horríveis. Ou criamos as nossas próprias fantasias, que podem aparecer como sonhos durante a noite. O Sonho de Deus é o Sonho divino que é precursor da Realidade. O Sonho de Deus incorpora a própria Realidade. É como uma tampa sobre uma caixa de joias. Você apenas levanta a tampa, e dentro está a riqueza: ouro e diamantes. Com o Seu Sonho, Deus está adentrando no mundo da Sua satisfação, que é a manifestação constante da Realidade. A Realidade mais elevada é a transformação da natureza humana, que agora mesmo é metade animal e metade divina. A Realidade mais elevada será manifestada aqui na Terra, mas levará vários séculos. Só que isso não quer dizer que ficaremos em silêncio e inativos – longe disso! Se todos os dias navegarmos conscientemente no Barco-Sonho de Deus, então lenta, gradual e infalivelmente esse Barco-Sonho nos levará até a Margem-Realidade de Deus. Essa Margem-Realidade não está em algum lugar no Céu; ela está aqui, na nossa vida, nos nossos pensamentos, nas nossas ações, na nossa própria existência na Terra.

A nossa consciência mais elevada continua operando enquanto dormimos?

Quando dormimos, às vezes a nossa consciência mais elevada continua operando, e às vezes não. Depende se Deus quer que a consciência mais elevada opere, ou se Deus quer que a consciência mais elevada repouse enquanto o físico descansa. Depende completamente da Vontade de Deus. Há muitos buscadores que meditam sinceramente todos os dias. Apenas porque meditaram durante o dia, Deus fica satisfeito com eles e lhes diz: “Minhas crianças, vocês trabalharam muito duro. Durante o dia, vocês oraram e meditaram. Agora eu tenho outros instrumentos que podem poderosamente auxiliá-los. Outras forças podem trabalhar por vocês.” Ele então pede ao eu superior ou aos seres superiores que ajam e auxiliem os buscadores que oraram e meditaram durante o dia. Mas se não oramos e meditamos durante o dia, Deus nunca pedirá às forças superiores que trabalhem por nós. Apenas quando o Piloto interior fica satisfeito com o buscador é que Ele irá pedir às forças superiores que ajudem a pessoa enquanto ela dorme.

 

Conhecer nossos sonhos nos ajuda a conhecer Deus?

Sim, se forem sonhos bons, sonhos inspiradores, certamente ajudarão. Mas se forem sonhos não divinos, eles não nos ajudarão. Se alguém estiver agredindo você, se estiver no campo de batalha ou se alguma catástrofe estiver acontecendo, saiba que esse tipo de sonho vem do mundo vital e não o ajudará. Mas, se você tem um sonho onde um anjo aparece diante de você, ou se o seu Mestre espiritual o abençoa durante um sonho, ou se enxergar um mar de paz diante de você, lembrar-se desse tipo de sonho naturalmente adiantará o seu progresso espiritual. Portanto, depende do tipo de sonho que você tem. Sonhos que vêm do mundo vital destrutivo não podem auxiliá-lo a fazer qualquer progresso. Mas você pode certamente fazer progresso quando ver coisas divinas ou sentir no próprio sonho paz, luz e deleite em medida infinita.

Seja! Um ABC dos mantras positivos

vantagens de meditarpor Akrura Bogea

O poder dos pensamentos e qualidades espirituais rompem as barreiras daquilo que chamamos de realidade. Todo ser humano tem algo em comum, e a isso que chamo de algo, é o Criador. Todo ser humano está ligado de uma maneira inseparável com toda a criação. O que nos une é esse núcleo central que aqui denominamos de criador (Inteligência, Fonte, Presença, Deus, Espírito, Alma, Brahma, Vishnu, Shiva, Alá, Tupã, Inominável…) e outros tantos nomes que damos a esse criador, ao longo desses aproximadamente 50 mil anos da nossa existência. Acredito que somos peças do quebra-cabeças a ser montado, de um jogo, ou da sopa cósmica a que chamamos de universo. Portanto, cada ação que acreditamos ser individual, não o é, porque vai afetar o todo, já que somos um manancial de energias vibracionais numa rede de conexões, que criam conjuntamente tudo o que há e até mesmo o que não há, o que ainda está no campo dos sonhos e da imaginação. Assim sendo, tudo o que pensamos causa uma alteração vibracional nesse todo que nos interliga.

Tendemos a crer que somos uma imensa lista de atributos e assim definimos os seres humanos. Somos fascinados por listas, desde os dez mandamentos, até a lista dos supermercados. Devo dizer que não importa muito o tamanho da lista, nem os atributos nela contidos, para definir o ser humano. Não define. A pergunta que não cala permanece: Quem sou Eu? O que significa a minha presença aqui, agora? O que eu quero? O que eu posso? O que eu devo? Quantas interrogações sem respostas. Se conseguíssemos responder a auto indagação “Quem sou eu?” o ponto de interrogação perderia muito da sua importância. Ah se pudéssemos nos permitir mergulhar no nosso centro… entrar em contato com a fonte do amor, da luz, da benevolência, da compaixão que jorram ininterruptamente da nossa fonte criativa… Somos eternos buscadores e construtores de lares fora de nós. Casas grandes, médias, pequenas, simples, sofisticadas, nas cidades para aqueles mais cosmopolitas, no campo, na praia e algumas vezes até nos realocamos em países distantes em busca de nossos lares. Nos juntamos em pequenos núcleos de amigos e familiares, vivemos nossos romances, comédias e dramas, como nos filmes. Criamos nossas estórias. Infelizmente nada disso nos satisfaz, pelo simples fato de que o nosso lar, o nosso verdadeiro lar está dentro de nós. Não há nada nesse mundo que não faça parte da nossa grande família. Não há ninguém que não mereça o nosso amor, já que o nosso Eu verdadeiro ama a tudo e a todos igualmente, quem merece e quem precisa do nosso amor. A reciprocidade é verdadeira, a fonte interior precisa do amor de todos igualmente, o amor, é o combustível que mantém a criação em movimento.

As demandas do mundo são os nossos serviços. No núcleo, no centro, está o nosso verdadeiro lar e é lá, o único onde podemos verdadeiramente descansar. Um Deus verdadeiro não é um elaborador de listas de tarefas muitas vezes tão pesadas que não conseguimos suportá-las. Ele não separa as boas e as más qualidades. Não escreve livros que dão conselhos, que imponham regras, que manipulem, que julguem, absolvam ou punam. Tudo isso somos nós, os humanos, que fazemos. Deus é benevolente podemos decidir se queremos ouvi-lo, procurá-lo, necessitá-lo, implorar por ele, ajoelhar, meditar, orar, pedir, suplicar, se sentir próximo ou distante, nada disso muda o   endereço de Deus.

“O reino dos céus está dentro de vós”, “Eu e meu pai somos um”, disse Jesus. A moradia de Deus está dentro de nós, para ouvi-lo basta fazer silêncio… e tudo o que ele tem para nos dizer é: Seja!

Onde tu és, Eu sou e Onde Eu Sou, tu és. Estamos aqui para bem servir, e ao fazê-lo, somos bem servidos também. Estamos aqui para sermos um mundo de amor, luz, paz, compaixão e benevolência, então sejamos, sejamos a tocha olímpica com essas labaredas de “atributos” espirituais, onde quer que seja, no que quer que façamos.

“Seja quem tu és”, Seja!

Vamos abrir as portas e janelas dos nossos corações, vamos compor os nossos próprios mantras. Quando você diz: “Eu farei tal coisa”, a permissão será dada e a tal coisa será colocada em ação, para ser realizada sem a necessidade de puxar ou empurrar. As coisas naturalmente acontecem. Intencione, coloque em ação e realize. Portanto, fazer um ABC de mantras positivos colocando-os em ação tem um grande poder. Abaixo darei mais uma “lista”, já que gostamos tanto delas, com algumas sugestões, como exemplo de um abecedário de adjetivos positivos. Colha no jardim interior do seu coração a ou as qualidades de que você mais necessita, entoe o seu mantra, coloque-o em ação quando despertar e quando for dormir. Depois de alguns dias de prática, talvez você possa ter uma grata surpresa.

ABC da positividade:

A= Eu sou o amor, alegria, ascendência em ação;

B= Eu sou a benevolência, beleza, bondade em ação;

C= Eu sou a compaixão, coragem, confiança em ação;

D= Eu sou a determinação, divindade, desapego em ação;

E= Eu sou o equilíbrio, entusiasmo, entrega em ação;

F= Eu sou a felicidade, fonte, franquesa em ação;

G= Eu sou a gratidão, generosidade, gentileza em ação;

H= Eu sou a humildade, harmonia, honestidade em ação;

I= Eu sou a iluminação, inteligência, instrumento em ação;

J= Eu sou a Juventude, juventude, justiça em ação;

K= Eu sou o Krishna, em ação

L= Eu sou a luz, leveza, liberdade em ação;

M= Eu sou a meditação, maestria, manifestação em ação;

N= Eu sou a novidade, néctar, nobreza em ação;

O= Eu sou a oportunidade, opulência, organização, em ação;

P= Eu sou a paz, prosperidade, pureza em ação;

Q= Eu sou a quietude, qualidade, querer em ação;

R= Eu sou a realização, respeito, relaxamento em ação;

S= Eu sou a sabedoria, simplicidade, sinceridade em ação;

T= Eu sou o talento, transcendência, tolerância em ação;

U= Eu sou a unicidade, universo, em ação;

V= Eu sou a vitória, verdade, virtude em ação;

Z= Eu sou o zelo, zen em ação;

 

Quando entoamos de forma continuada, por exemplo: “Eu sou o amor em ação”, entramos numa espécie de concentração, que pode nos levar a um estado de meditação. A nossa mente se ocupa com as qualidades positivas que estamos entoando, já que está focada apenas na nossa entoação. O poder da meditação é o silêncio que ela produz, permitindo uma abertura para o mundo interior, para a música divina que toca dentro de nós, para a voz do Supremo em nós. Nesse estado, Deus dirá a você o que quer que você precise saber. Por outro lado essa prática, não deixa de ser uma oração O poder da oração permite-nos acessar o ouvido de Deus. Maravilhoso seria se pudéssemos pedir ao nosso Eu interior, para que nos dissesse o que precisamos saber e nos desse a capacidade para realizar apenas o que temos que fazer. Se pudéssemos rasgar e jogar fora as nossas listas de crenças, do que achamos que precisamos e devemos fazer. Se pudéssemos ignorar as velhas tradições, que insistem em nos dizer que a menos que façamos isso ou aquilo, não iremos agradar a Deus.

Esse breve instante ou sopro de vida, que comparado com a eternidade fica mais e mais curto e mais breve, quanto desse instante desperdiçamos, tentando seguir por caminhos que não são nossos. O nosso caminho é singular, só nós podemos trilhar. O nosso caminho é o caminho de Deus. O caminho de Deus é o nosso caminho. Fazemos parte dele e ele faz parte de nós. Portanto: Seja!

Eu e Deus estamos interligados em unicidade perene. Nada, nem ninguém pode nos desligar ou separar. Segundo a Gênesis, tradição mitológica ou espiritual, da tribo de um Xaman que eu aprecio muito. Nós somos as almas sementes da árvore Divina. Deus se sentia só, e precisava de outros deuses, para interagir com Ele. Ele se fez semente, foi a primeira semente a ser semeada no solo da mãe terra. A mãe gaia engravidou de Deus, que na sua generosidade produziu e disponibilizou seus nutrientes, para que a semente primeira brotasse. Fez-se a chuva, fornecendo água para aplacar a sede daquela que germinava. Nasceu o sol e forneceu sua luz para iluminar a semente e ela brotou. Fez-se o vento sacudindo o frágil broto que germinara para fortalecê-lo. A árvore cresceu, se tornou forte e robusta, com dezenas de galhos, milhares de folhas, centenas de flores que deram origem às abelhas, insetos e borboletas. Nasceram os frutos que deram origem aos pássaros, animais e a novas sementes que se multiplicaram no solo fértil da terra. Estas sementes somos nós, nossas almas, com todos os poderes e atributos da primeira semente, Deus. Não estamos sós. A própria semente divina contou com a ajuda da terra, da chuva, do vento, dos pássaros, das borboletas, das abelhas e outros insetos para se tornar madeira, galhos, folhas, flores, frutos e retornar à semente.

Nós somos do mesmo núcleo familiar daquela primeira semente divina. Todos percorremos nossas trajetórias em relação estreita com o mineral da terra, com o vegetal, com os animais, com o humano, com a criação e com o Criador. Nossa viagem não é linear, é circular, numa espécie de anel multidimensional. Vivemos experiências da semente ao fruto que alimenta. Depois, nos tornamos mais e mais vezes sementes, fecundando o solo terreno. Não há diferença entre o criador e a criatura. São semelhantes, dotados do mesmo poder. Basta acreditar.

Almofada para meditação: zafu

almofada para meditacaopor Carlos Machado

 

O que é uma almofada Zafu?

Uma almofada Zafu é um tipo especial de almofada japonesa usada especificamente na prática de meditação. Quem medita sabe da praticidade de ter uma, principalmente para práticas mais prolongadas (acima de trinta minutos). Junto com o zafu é comum ver a utilização do zabuton. Zabuton é um tipo de tapete acolchoado que fica abaixo do zafu e protege seu joelho de ficar diretamente ao chão.

É preciso uma almofada zafu para meditar?

Não. Meditação vai muito além de ter um tipo específico de almofada. Muitos iogues nos últimos séculos meditaram em cavernas, sem nenhum apoio para sua meditação e mesmo assim obtiveram o mais alto nível de consciência. Mas também não precisamos exagerar. Para ser um bom praticante de meditação não é preciso mais se isolar do mundo e esquecer todos os bens materiais. Nosso grande desafio agora e conseguir viver no mundo e ao mesmo tempo levar uma vida espiritual. E, se um simples item como uma almofada Zafu pode facilitar nossa meditação, por que não usa-lá?

almofada para meditacao zafuBenefícios de usar a almofada zafu

Quando meditamos, tentamos elevar nossa energia dos chakras inferiores para o chakras superiores e, com a coluna ereta, conseguimos alinhá-los mais facilmente, facilitando a movimentação de energia pelo nosso corpo.Todos sabemos que um dos pontos básicos para se meditar é manter a coluna ereta e, quando usamos uma almofada específica para a meditação, fica muito mais simples manter nossa postura correta e evitar movimentos desnecessários durante a prática.

Como usar o zafu?

Procure se sentar na ponta do zafu. A função da almofada é dar apoio e elevar seu cóccix. Com seu cóccix elevado, você vai perceber que manter o joelho mais próximo ou encostado ao chão vai ser muito mais fácil. Assim, sua coluna irá ficar ereta e você vai se sentir mais confortável para encarar sua próxima sessão de meditação.

Onde comprar uma alfomada zafu?

Muitas pessoas que meditam em algum tipo de centro de meditação que disponibilize as almofadas já conseguem ter uma ideia de tamanho e medidas que vai precisar. Caso você não tenha acesso a nenhum centro de meditação ou outro lugar onde você possa testar as medidas ideias para você, infelizmente só terá uma ideia simples de quais são suas necessidades. Em geral, para pessoas de estatura média e com flexibilidade razoável, o zafu com 17 cm de altura é o aconselhado. Eu tive bastante sorte de ter testado o tijolo de yoga no meu centro de meditação e reconhecido que ele seria o melhor para minha prática. Um fator importante antes de comprar seu zafu é verificar se ele já vem com enchimento ou se você terá que fazê-lo. Dependendo da sua disponibilidade de tempo, comprar um que já venha completo vai ser muito mais prático. A seguir vou deixar alguns links de sites de vendem a almofada zafu, zabuton e até mesmo do tijolo de yoga.

1 – O yoga zen é um site confiável e barato. O zafu é vendido com enchimento.

2- Nesse site você vai encontrar muita informação boa sobre almofadas zafu. O preço deles é bem razoável. Eles vendem zafu com e sem enchimento

3- Na decathlon você encontra o tijolo de yoga quase sempre por um ótimo preço.

4 – Alguns centros de yoga e meditação vendem também, mas são raros. Caso você conheça algum que venda, vale a pena comprar mesmo que saia um pouquinho mais caro. Porque além de poder testar o produto, você vai ter a certeza que seu dinheiro está indo para uma boa causa.

Outras opções à almofada

Tijolo de yoga

O tijolo de yoga é uma opção simples e barata para se usar na sua prática diária. Essa é minha opção preferida e que uso na maior parte das vezes. Um dos pontos ruins do tijolo de yoga é que normalmente eles tem a mesma altura (são em geral mais baixos que as almofadas), o que para a maioria das pessoas não é muito bom, já que no início ainda não temos muita flexibilidade.

Tapete de yoga

Se você já tiver um tapete de yoga em casa e quiser economizar, você pode usá-lo no lugar no zabuton.

 

Almofada de meditação

O que você pode aprender com a senhora Zeni de 76 anos?

Por Carlos Machado

volcano-2Como a maioria das pessoas, eu amo viajar. Mas tem uma parte da viagem que vou confessar ser bastante difícil pra mim, que é ter que passar horas em algum avião ou ônibus, “preso”. Tento me programar o máximo possível com antecedência para escolher os melhore lugares (corredor), lembrar de levar livros, computador, fone de ouvido, o que for necessário para o tempo passar mais rápido. Mas certa vez, em uma de minhas viagens para São Paulo, que duram cerca de 7h de Niterói (onde moro), tive o prazer de conhecer uma energética senhora, chamada Zeni. Mas, antes de lhes contar mais sobre essa viagem e o que eu aprendi, vou lhes dizer como eu escolhi o lugar ao lado da Dona Zeni. Agora que vocês já sabem sobre a minha mania de sempre escolher um lugar perfeito dentro do avião/ônibus, para essa viagem eu procurei um assento no corredor e o mais próximo possível da porta de saída, nesse dia assento n4. Mas, felizmente (vocês logo vão saber porque) nas minhas duas tentativas de comprar a passagem, recebi a mensagem que havia algum erro no cartão. Na minha terceira tentativa e dessa vez escolhendo um assento diferente, o cartão funcionou.

Tendo o assento escolhido, agora é rezar para que nenhuma pessoas espaçosa e barulhenta sentasse ao meu lado. Dessa vez Deus atendeu minhas preces. Chegando ao meu assento, encontro uma senhora com um rosto amigável e simpática. Suas primeiras palavras foram “se você preferir nós podemos trocar de lugar. Aqui na “janela” você pode se encostar pra dormir.” Que fofa!

Como uma legítima senhora de idade, ao decorrer da viagem ela me contou sobre toda sua vida. Para a maioria das pessoas passar uma viagem escutando a história de uma senhora pode parecer tedioso, mas eu sempre acreditei que todo mundo tem alguma coisa para oferecer se estamos abertos o suficiente para escutar.

A dona Zeni é uma senhora viúva, aposentada, com 4 filhos e uma neta. Ela estava indo visitar um dos filhos, advogado e professor, na cidade de São José dos Campos. Quando nova, trabalhou por muitos anos em um escritório de contabilidade e, segundo ela, com muito pouco tempo para aproveitar a vida.

XM1_2718Mas agora é diferente. Depois da morte do marido, ela decidiu que quer aproveitar a vida. Com o salário de aposentada e com uma pequena ajuda dos filhos, Dona Zeni faz viagens constantes para conhecer o Brasil – até cruzeiros internacionais. Ela me garantiu que esse ano ainda ela vai embarcar em outro cruzeiro. Dona Zeni me disse que a vida é curta e que ela pode já não ter mais tempo.

Acredito que todos já escutamos que a vida é curta e devemos aproveitá-la ao máximo. Mas porque é tão difícil transformar esses dizeres em realidades?

Em nosso dia-a-dia, ficamos constantemente perdidos com as muitas vozes que vêm na nossa cabeça. Pode ter uma parte de você que diz para largar o trabalho e ir viver novas aventuras, e outra dizendo que isso é só mais uma ideia maluca. Quando isso acontece, qual das vozes você vai escutar?

Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior. E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. Tudo o mais é secundário. – Steve Jobs

Quando meditamos conseguimos silenciar nossa mente e escutar a voz verdadeira, a voz que vem das profundezas nosso coração. Quando seguimos essa voz, nossa vida passa a ser a mais perfeita manifestação de nossa realidade interior, que é de paz, felicidade e deleite.

Comece agora. Você não precisa de uma vida inteira para começar a sua jornada para auto descoberta. Na verdade, quanto mais você, demorar mais difícil ela fica. É como tentar aprender um novo idioma depois de uma idade avançada. Para crianças, o aprendizado faz parte do seu dia, mas, para um adulto encontrar tempo vago na correria do seu dia e se dedicar verdadeiramente, já não é tão fácil.

Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã. – James Dean

Caso queira aprender mais sobre autodescoberta e meditação, eu recomendo o livro de Sri Chinmoy, Meditação.

Para cursos gratuitos de meditação acesse este link. Boa sorte!

Sri Chinmoy explica sobre a prática de Yoga:

 

To make progress
You must take every day
As your last chance.

Sri Chinmoy

Meditação para os dias difíceis do mundo


jharna kala birdsQuestion: Do you feel that mankind is making spiritual progress?

Sri Chinmoy: Humanity is progressing towards its destined goal. Sometimes we notice clouds of doubt and teeming imperfections, but these things will always be around until we have achieved perfect Perfection. Each individual has left the starting point. Now, one individual may be behind another in the Godward race, but we all are running towards the same goal. Each individual is progressing. This progress may not be noticeable in our outer life. It will become noticeable only when a tremendous amount of light has dawned in our devoted life, our life of surrender to the Will of the Almighty Father. Even though there are calamities, crises, wars and so forth on the outer plane as well as on the inner plane, still we are definitely progressing.


 

COMENTÁRIO:

Em tempos de crise procuramos fugir de várias maneiras. Uma delas é negando que a crise existe –“a vida é bela”. É a síndrome de Poliana que, embora ajude a pessoa a seguir em frente, afasta-a da realidade, não a ensina a amar ao mundo como ele é e, logo, não a ensina sobre o amor verdadeiro. A outra maneira é ‘holofotando’ as dificuldades (a mídia nos “ajuda” muito nisso) e então, cria-se o pessimismo absoluto – “tudo é ruim”- que leva a estados negativos, crescentes nos dias atuais como: depressões, fobias, agressividade etc.

Mas será que só existem saídas extremas para lidar com esses “dias difíceis”? Qual é a saída? O olhar espiritual, o tornar-se espiritual.

Como? O olhar espiritual não nega a realidade, ele a aceita como ela é e o tornar-se espiritual transforma a realidade, pois transforma ao próprio indivíduo.

A meditação é uma porta para esse caminho. A meditação é a ponte que nos conecta com a outra realidade, a interior. Voltando-nos para dentro (sem nos esconder), podemos nos voltar para fora de uma maneira mais desapegada, transformadora. “Assim como o de dentro é o de fora”. O bom e o ruim são aspectos normais de todo ser humano e, consequentemente, também do mundo. Logo, se nos propusermos a ir além disso, buscando a nossa transformação, o mundo também se transformará. Já fazemos tudo isso aleatoriamente, já que o mundo não está estacionado. Mas podemos fazer com Consciência, e essa chave-mestra quem nos dá é a meditação.

Recomendo as músicas aqui para o seu deleite

por Bhumika Barros